Demolidor – Como eu conheci

Demolidor consegue matar o rei do crime

Existe muita coisa legal para ser debatida nas passagens de Denny O’Neil, Ann Nocenti e D.G. Chichester pelos arredores do bairro mais barra-pesada de Nova York!

Qual é a origem da série Demolidor Como eu conheci? Quais personagens importantes são introduzidos no episódio Como eu conheci de Demolidor? Como o episódio Como eu conheci contribui para o desenvolvimento do personagem principal de Demolidor? Que impacto teve o episódio Como eu conheci na narrativa geral da série Demolidor?

A origem da série Demolidor Como eu conheci

A série Demolidor é uma produção original da Netflix, inspirada nos quadrinhos da Marvel Comics. O episódio especial Como eu conheci foi lançado como uma ponte entre a terceira e a quarta temporadas da série, oferecendo uma visão mais profunda sobre o passado de Matthew Murdock e os eventos que moldaram sua vida. O episódio serve como uma espécie de flashback, explorando momentos cruciais da juventude de Murdock e sua formação como advogado e vigilante.

Personagens importantes introduzidos no episódio Como eu conheci

No episódio Como eu conheci, são introduzidos vários personagens importantes que desempenham um papel significativo na história de Matt Murdock:
  1. Elden Holmes: Um excolega de escola de Matt que se torna um importante aliado em sua luta contra o crime.
  2. Samuel Reilly: Um antigo amigo de Matt que acaba envolvido em uma situação perigosa, levando Matt a tomar decisões difíceis.
  3. Jessica Jones: Ainda que não seja uma introdução completa, o episódio faz alusões a Jessica, uma personagem crucial no desenvolvimento de Matt e em outros quadrinhos da Marvel.

Contribuição do episódio Como eu conheci para o desenvolvimento do personagem principal de Demolidor

O episódio Como eu conheci contribui de maneira significativa para o desenvolvimento do personagem principal, Matthew Murdock:
  1. Revela as dificuldades pessoais e morais que Matt enfrentou em sua juventude, mostrando como essas experiências moldaram sua personalidade e suas motivações.
  2. Explica a origem de algumas de suas habilidades, incluindo seu senso aguçado e sua capacidade de luta, que são fundamentais para seu papel como Demolidor.
  3. Fornece uma perspectiva mais humana de Matt, destacando suas fraquezas e vulnerabilidades, o que o torna mais relativo aos espectadores.

Impacto do episódio Como eu conheci na narrativa geral da série Demolidor

O episódio Como eu conheci teve um impacto significativo na narrativa geral da série Demolidor:
  1. Oferece contexto para os conflitos futuros, ajudando os espectadores a entenderem melhor as motivações de Matt e os desafios que ele enfrenta.
  2. Introduz elementos que se tornam relevantes em temporadas posteriores, criando uma conexão mais forte entre os diferentes arcos narrativos.
  3. Enriquece a mitologia da série, adicionando camadas de profundidade e complexidade à história de Matt, tornando a jornada do personagem mais envolvente e emocional.

Demolidor desenhado por John Romita Sr. e arte-finalizado por John Romita Jr.

Após ter pensado bastante, decidi voltar alguns anos no tempo e registrar o primeiro contato que tive com uma história do Demolidor, mais precisamente no final do ano de 1994. Era de costume meus pais me levarem a uma livraria de um hipermercado. Eu sempre marcava presença por lá, mesmo que não convencesse meu pai a comprar uma revista na maioria das vezes.

Eis então que um dia, escolhi aleatoriamente o formatinho de Superaventuras Marvel número 149, que trazia Adam Warlock na capa. Fiquei muito impressionado com os desenhos que destoavam bastante daqueles da Disney e da Turma da Mônica, dos quais estava acostumado. Lembro também de um sentimento de grande estranheza ao me deparar com um super-herói vestido de diabo!

John Romita Jr.
Demolidor desenhado por John Romita Sr. e arte-finalizado por John Romita Jr.

Eu tinha quase nove anos na época e me esforçava bastante para entender aquele tipo de narrativa que obviamente não era destinada à minha faixa etária. Lembro que eu não sabia o significado da palavra “Mercenário” e muito menos que ela se referia a um dos icônicos vilões do Demolidor!

Para uma análise mais profunda, ao invés de falar somente sobre a história “As Notícias Que Interessam” de SAM 149, última da longeva passagem de Ann Nocenti em Demolidor, revisita as histórias que imediatamente a antecedem. Nocenti esteve à frente do Demolidor por cerca de cinco anos e escreveu três grandes arcos e um breve crossover com o Capitão América de Mark Gruenwald. Por ora, vou me ater ao último arco.

Breve histórico de Ann Nocenti

Nocenti começou sua carreira como redatora técnica em empregos irregulares. Escrevia sobre fisiologia alimentar, energia solar e outros assuntos, além de romances. Também esteve anteriormente envolvida com artes no período da faculdade. Após ver um anúncio no jornal Village Voice, ficou sabendo de uma vaga em uma empresa de histórias em quadrinhos não creditada. Demonstrou interesse de imediato mesmo sem nunca ter tido contato com esse universo, além de ter se livrado de um preconceito sobre quadrinhos serem um “simples produto industrial em escala, como pacotes de biscoito”.

Ann Nocenti
Ann Nocenti nos anos 80

Chegando à Marvel, Nocenti foi assistente de Jim Shooter, Al Milgrom, Carl Potts e Louise Simonson, que coordenava na época os títulos dos mutantes. Personagens como Longshot, Mojo, Coração Negro e Mary Typhoid foram criados por Nocenti em conjunto com alguns artistas. Após passar pela linha editorial dos mutantes, ela passou a trabalhar como escritora freelancer quando assumiu o Demolidor.

Nocenti sobre o Demolidor: estou gostando muito de escrever histórias dele. O personagem é maravilhoso. Só pelo fato de existir, já está em conflito. Ele é alguém que achou um meio de fuga, um homem que fez a promessa, no leito de morte do seu pai, de nunca lutar, mas que acabou encontrando uma brecha na lei e criou o Demolidor como meio de manter em pé esse juramento. Há um grande paradoxo nele. Matt Murdock representa o sistema e, como vigilante, é uma contradição a esse mesmo sistema. Algumas histórias faziam alusão às suas crenças cristãs, enquanto seu uniforme evocava o diabo. Ele é um paradoxo vivo, não só pela dupla identidade, mas também por haver inúmeras camadas de esquizofrenia em sua personalidade. Eu quero pegar esse herói, afundar meus dentes nele e sacudi-lo, como um cachorro com uma boneca de pano na boca.

Dan Green, Ann Nocenti e John Romita Jr. em 1985
Dan Green, Ann Nocenti e John Romita Jr. em 1985. Romita foi o principal artista que acompanhou Nocenti no título do Demolidor.

Fonte: Superaventuras Marvel 88, editora Abril – outubro de 1989.

Dan Green, Ann Nocenti e John Romita Jr. em 1985. Romita foi o principal artista que acompanhou Nocenti no título do Demolidor.

O Forasteiro (Daredevil v1 #284. No Brasil, Superaventuras Marvel #143 – maio de 1994)

Na história “O Forasteiro”, com desenhos de Lee Weeks e arte-final de Al Williamson, o Demolidor está em Manhattan, tomando conhecimento do seu desaparecimento e indagando por quanto tempo esteve fora. O herói quase morreu em uma luta com vários vilões e após isso, passou por uma temporada de exílio, onde se encontrou com muitos personagens, dentre eles alguns dos Inumanos e o demônio Mefisto. Ele está abatido e desmemoriado, tendo alucinações recorrentes com pessoas próximas, inimigos e transeuntes vestidos de “anjos com chifres”.

NomeURL
Demolidor #1 – Mark WaidLink
Demolidor: Como Eu ConheciLink
O Que Aconteceria se o Demolidor Tivesse Matado o Rei do Crime?Link
O Diário de Matt Murdock – Parte 31Link
O Diário de Matt Murdock – Parte 30Link
A Queda de Murdock – Parte 3Link
A Queda de Murdock – Parte 2Link
A Queda de Murdock – Parte 1Link

Nocenti inicia nesta história, questionamentos sobre o papel e significado de um herói, usando brevemente uma alucinação do Capitão América contestando o simbolismo do uniforme do Demolidor.

Logo após essa passagem, o herói arruma alguns contratempos em um bar e se envolve em uma briga na rua. Em outro lugar, o Mercenário sem o uniforme característico, realiza furtos em algumas residências e depois de sair de uma delas, avista o Demolidor apanhando. Ironicamente, ele salva o herói.

O Forasteiro
O Forasteiro

O vilão retira a máscara do Demolidor e Matt transtornado, se apresenta como “Jack”. Pouco depois, em um bar, alguns clientes assistem na TV notícias sobre o reaparecimento do Demolidor. Matt com as roupas civis do Mercenário se revela estar entre eles e com um visível ar de insanidade pergunta: quem é esse Demolidor? E o que ele quer provar?

Sombras (Daredevil v1 #285. No Brasil, Superaventuras Marvel #144 – junho de 1994)

História feita pela mesma equipe anterior. No primeiro quadro, o Demolidor salta por entre os prédios e o texto apresenta o conceito de herói segundo os pensadores Ernest Hemingway, Nietzsche e James Joyce. Logo é revelado que o Demolidor não é Matt e que este, se encontra andando desnorteado pelas ruas. Ele também reage com estranheza aos seus sentidos extrassensoriais.

Nocenti volta a expor aqui argumentos sobre problemas sociais, uma de suas marcas em narrativas, ao apresentar uma criança roubando uma fruta para saciar sua fome. Matt reprova instintivamente a atitude do garoto, pois ainda guarda uma noção de justiça, mesmo com sua mente fragilizada. Porém, ele logo concorda com o garoto e repete o comportamento.

Sombras
Sombras

Em outro local, as pessoas de NY reclamam com policiais, afirmando que o sujeito vestido de Demolidor está cometendo assaltos. A partir desse ponto, a história levanta questões de racismo, mostrando um juiz de cor negra e moral íntegra, sendo abordado e agredido por criminosos brancos, que o obrigam a relativizar uma sentença. A escritora faz um paralelo entre o preconceito sofrido pelo juiz e uma recente visita de Nelson Mandela à cidade, evidenciando que Nova York foi bastante generosa com o líder sul-africano, porém omissa com um dos seus conterrâneos sendo espancado na rua.

Nesse interlúdio, Matt conhece uma jovem mulher negra chamada Nyla Skin, que o convida para uma visita. O Mercenário vestido de Demolidor entra em uma casa para cometer furtos, quando é abordado por sua moradora, uma moça rica e insatisfeita com a vida que leva.

Matt encontra o juiz negro ferido em um beco e o leva para a residência dele. Pouco depois, ele conhece Marcus, o indignado filho do juiz. Novas questões sobre justiça e racismo são levantadas pela escritora. No fim do dia, Matt vai à casa de Nyla para dormir e recebe a controversa proposta de sair para cometer furtos. Ela se justifica usando o problema da desigualdade social e má distribuição de renda.

O Ladrão (Daredevil v1 #286. No Brasil, Superaventuras Marvel #145 – julho de 1994)

Nocenti conta aqui com uma equipe artística bem incomum no título do Demolidor: Greg Capullo (mais conhecido recentemente por seus trabalhos em Batman) nos desenhos e Doug Hazlewood na arte final. A história começa em um tribunal, onde o juiz negro da história anterior está levitando e proferindo palavras que descrevem o paradoxo da figura heroica do Demolidor: que é o de um advogado que atua como vigilante mascarado à margem da lei. Matt, uma versão adolescente sua, e Nyla são testemunhas desse cenário bizarro. Vale destacar que as respectivas sombras do juiz, de Matt e do adolescente exibem chifres. Nas próximas páginas é revelado que isso não passa de um sonho de Matt, que está dormindo na casa em ruínas de Nyla.

O Ladrão
O Ladrão

Os dois saem com o propósito de roubar uma casa e chegando lá, Matt se surpreende com suas habilidades físicas e sensoriais que estão sendo gradativamente recuperadas, além de sua mente e sanidade, porém estas em menor escala. Ele e Nyla entram com relativa facilidade na residência, abatem um guarda e após estarem diante de uma fortuna contida em um cofre, começam a ter divergências quanto ao que acabaram de praticar.

Matt abandona a residência e lembra que devia prestar ajuda ao juiz, para protegê-lo de outra possível agressão. Em um interlúdio, Marcus está voltando para casa e observa o comportamento preconceituoso de algumas pessoas no caminho. O juiz é novamente abordado pelos mesmos marginais que o espancaram, só que dessa vez em sua residência. Após uma discussão, o agressor chamado Nick atira no juiz a queima-roupa e em seguida os dois fogem. Matt passa em frente ao ginásio Fogwell’s Gym (onde seu pai Jack treinava boxe), percebe que o ambiente é familiar e logo se encaminha para a casa do juiz, onde o encontra caído e gravemente ferido. Ele sente os últimos batimentos cardíacos do idoso que então vem a falecer.

Nesse ínterim, Marcus chega em casa e vê o pai morto, se revolta e jura vingança à dupla Nick e Frankie. O Mercenário ainda vestido de Demolidor continua cometendo furtos e é visto ao longe por Ben Urich, que com um exemplar do Clarim Diário em mãos, se indaga com a recente fama de criminoso do Demolidor. O vilão entra em um armazém abandonado e presenteia seus furtos à moça rica que encontrou na história anterior, atitude que sugere um possível romance entre os dois. Após isso, ele justifica suas ações com motivações ligeiramente semelhantes às de Nyla, parceira de Matt, porém vistas sob um espectro diferente.

Superaventuras Marvel
Superaventuras Marvel

Ao final da história, Marcus vai atrás dos assassinos de seu pai (destinado a matá-los) e quando se encontra em desvantagem, é salvo por Matt. O herói condena a atitude do rapaz e logo é repreendido com o argumento de que “desconhece a forma de justiça dos negros”. Mais tarde, Matt vai ao ginásio Fogwell’s Gym e após nocautear um lutador, convenceu o treinador de que pode subir no ringue.

O Lutador (Daredevil v1 #287. No Brasil, Superaventuras Marvel #146 – agosto de 1994)

A equipe artística Weeks/Williamson retorna para essa história, que começa com o falso  Demolidor assaltando um banco e assumindo uma postura de Robin Hood bastante controversa. Mais tarde ele retorna ao seu lar improvisado e é recebido com certa inconveniência por parte de sua parceira. No Clarim Diário, Ben Urich discute com J.J. Jameson sobre a integridade do Demolidor, cuja reputação está sendo difamada na imprensa.

O Lutador
O Lutador

No Fogwell’s Gym, Matt está ganhando repentina notoriedade como pugilista e tem seu desempenho notado pela plateia por ninguém menos do que Wilson Fisk! Após a luta, Matt comenta com Nyla que reconheceu alguém do seu passado e ambos vão para casa. É interessante perceber que, pelo fato desse arco de histórias ser o último de Nocenti, a escritora volta a reunir gradativamente os coadjuvantes do universo do Demolidor, após levar o herói para um exílio com personagens atípicos, obviamente para entregar o título para a próxima equipe criativa. Assim como o Mercenário e Ben Urich foram reapresentados nas edições anteriores, Fisk retornou nesta edição.

No Clarim, a parceira do Mercenário denuncia as ações do falso Demolidor para um jornalista, sugerindo então uma brusca reviravolta nos noticiários. No lar de Nyla, Matt sonha com Stick e Elektra, se indaga com a fala paradoxal de seu mentor sobre “lutar com bondade” e associa com os conselhos de “não seja um lutador” de seu pai. Ao acordar, decide ir atrás de Marcus.

O rapaz está em casa interrogando Frankie, que acoberta o assassinato do juiz feito por Nick. Mesmo com o estado emocional abalado, Marcus não perde a racionalidade e contesta os argumentos de Frankie. Escondido próximo à janela, Matt escuta toda a conversa. Ben Urich, com a intenção de averiguar o paradeiro de Matt, encontra Foggy Nelson em uma biblioteca.

Matt vai atrás de Nick, o subjuga e o prende em um poste na rua. Revela que o marginal é o assassino do juiz e vê nessa ação, uma lição aprendida (ou reaprendida) do sonho que teve. No ginásio, após uma luta, Matt conversa com Nyla e revela não ser capaz de distinguir cores, o que deixa a moça em um dilema sobre o relacionamento inter-racial dos dois. No final da história, o editorial de Urich é publicado (ganhando certa antipatia de Jameson) e o Mercenário surge nas ruas recebendo apoio de populares confusos. O vilão se irrita, e contraditório como é, resolve mostrar que ele “não é o herói”.

O Discípulo (Daredevil v1 #288-289. No Brasil, Superaventuras Marvel #147 – setembro de 1994)

Reparou que a montanha tem o formato do rosto de Fisk?

História que conta com Lee Weeks e Kieron Dwyer nos desenhos e Al Williamson, Lee Weeks e Fred Fredericks na arte-final. Dwyer foi o desenhista de parte do run de Capitão América de Mark Gruenwald, após a conclusão do arco “Capitão América Nunca Mais”. Voltando ao Demolidor, Matt novamente está sonhando e torna a enfrentar os dilemas levantados por Stick, que põe os respectivos valores e personalidades de Matt e Elektra de forma diametralmente opostos.

O Discípulo
O Discípulo

O Mercenário visita Fisk em seu escritório e é repudiado por este, que lembra dos eventos recentes envolvendo o Caveira Vermelha (no ótimo arco Ruas de Veneno do Capitão América de Gruenwald). Fisk fica ainda mais irritado ao saber que o Mercenário era o sujeito por trás da identidade do Demolidor. Os atos de roubar dos ricos para dar aos pobres ganham o apoio dos populares da Cozinha do Inferno, o que causa indignação ao Mercenário e o leva a cometer atrocidades com pessoas simples. Matt dorme por quatorze horas e chega à conclusão de que para ter suas memórias de volta, precisará de alguma forma, retomar às origens. No Fogwell’s Gym, Fisk agride o administrador do local e o convence a forjar uma luta de boxe semelhante a que levou Jack Murdock (pai de Matt) à morte. Em sonhos, Matt compreende o que o diferencia de Elektra.

No Clarim, Ben Urich percebe a estranha coincidência dos supostos crimes do Demolidor e o surgimento de um novo pugilista chamado Jack Murdock. Em outro sonho, Matt compreende a lição de Stick, e ao acordar, revela à Nyla que de certa forma, renasceu.

Enquanto isso, o Mercenário é contratado por Fisk e recebe a missão de ir atrás de Nyla, que logo é sequestrada após deixar Matt no Madison Square Garden. Nosso herói é persuadido pelo administrador do evento a perder, nega o pedido e se sente mais motivado para vencer. Na luta, Matt mostra uma vantagem inicial em relação ao seu adversário, fraqueja, cai do ringue e após conversar rapidamente com o espectador Ben Urich, retorna e vence o combate.

O Discípulo - Daredevil
O Discípulo – Daredevil

Nesse momento, ao reviver o passado do pai e de sua infância, o herói tem suas memórias e sanidades recuperadas. No ímpeto, ele vai atrás dos sequestradores de Nyla, enfrenta uma perseguição eletrizante e subjuga todos os capangas de Fisk. No arranha-céu do Rei, Matt recupera Nyla e ameaça seu arqui-inimigo. O casal vai embora e Matt se despede de Nyla. Essa foi a última aparição da personagem no título do Demolidor.

Mercenário (Daredevil v1 #290. No Brasil, Superaventuras Marvel #148 – outubro de 1994)

A história conta Kieron Dwyer nos desenhos e Fred Frederick na arte-final. Aqui temos um prólogo mostrando Fisk e seus assessores em uma grande mesa. O vilão sugere trilhar caminhos que envolvam “crimes de colarinho branco” e propõe a compra de meios de comunicação, como um título de jornal impresso e uma emissora de TV.

Mercenário
Mercenário

Após o prólogo, vemos Matt tomando ciência das atividades do Falso Demolidor e chegando à conclusão de que se trata do Mercenário! O herói encontra o esconderijo vazio e consequentemente o uniforme azul do vilão. Logo em seguida, o falso Mercenário vai ao encalço do falso Demolidor!

Em seguida, em uma das ruas da Cozinha, ocorre um tumulto envolvendo populares e um assalto. Uma dupla de jovens decide abordar os ladrões e o falso Demolidor apenas assiste ao fato, zombando do ocorrido e sendo hostilizado em seguida pelos populares ali presentes. Ele decide ir embora e em outro lugar, vê uma idosa sendo assaltada. O vilão, com uma atitude violenta, aparentemente mata o ladrão e deixa a confusa idosa assustada. Quando ele sugere agredir a mulher, eis que surge Matt, o falso Mercenário!

Mercenário - Daredevil
Mercenário – Daredevil

Aqui encontramos o grande clímax desse arco de Nocenti, com a criativa sequência de luta que mostra herói e vilão com identidades trocadas. Uma analogia bastante interessante com o que ocorreu ao longo das edições anteriores, mostrando as respectivas crises de identidade do Demolidor e do Mercenário. Matt brinca com a situação, se mostrando bastante sarcástico e relativamente sombrio (traço de sua personalidade que o escritor D.G. Chichester irá desenvolver com mais detalhes posteriormente), enquanto que o Mercenário oscila um estado de sensatez.

Um interlúdio mostra um monólogo de Foggy Nelson, que lamenta pelo rumo da sua carreira de advogado, inclinada nos últimos tempos a privilegiar corporações ao invés de clientes desamparados. De volta à luta, em certo momento é feita uma alusão ao clássico confronto Demolidor versus Mercenário, ocorrido na fase de Frank Miller, que levou o vilão a ficar fora de atividade por um longo período. Ao final da história, Matt derrota o Mercenário e recupera o último elemento de sua verdadeira identidade ao tomar em suas mãos o capuz do Demolidor. 

As Notícias Que Interessam (Daredevil v1 #291. No Brasil, Superaventuras Marvel #149 – novembro de 1994)

Enfim, chegamos à edição em que eu conheci de fato o Demolidor! “As Notícias Que Interessam” foi a última história do grande run de Ann Nocenti no título Daredevil e conta com Lee Weeks nos desenhos e Fred Fredericks na arte-final. Começamos com uma imagem de um acidente de corrida automobilística, acompanhado de um monólogo bastante contraditório (e divertido para o leitor) de Ben Urich, um fumante compulsivo que pretende retaliar por meio de um artigo, uma empresa do ramo tabagista! Após a publicidade de cigarro ter sido banida da TV, ela encontrou um meio de se perpetuar em logomarcas de carros de corrida.

Em outro momento, o repórter fala ao telefone com um empreiteiro que aparenta boa índole sobre um esquema indevido de desapropriação imobiliária. Do outro lado da linha, o empreiteiro é coagido por Bullet, um personagem criado por Nocenti e que deu as caras pela primeira vez por aqui na longínqua Superaventuras Marvel 79 (janeiro de 1989). Bullet era um criminoso menor, de porte físico avantajado e que cobrava para praticar crimes. Ele também era um pai divorciado que criava o pequeno Lance, um garotinho vítima da paranóia nuclear da Guerra Fria.

Superaventuras Marvel #149
Superaventuras Marvel #149

Em uma parte da Cozinha do Inferno, um renovado Demolidor procura recuperar a confiança de uma criança do bairro.  Em outro lugar, Lance, filho de Bullet, está em casa brincando com uma amiga e ambos estão vestidos com trajes antirradiação e envoltos por suprimentos de remediação a um improvável ataque nuclear, uma mostra do grau de paranoia do menino.

As Notícias Que Interessam - Daredevil v1 #291
As Notícias Que Interessam – Daredevil v1 #291

Assim como no título do Demolidor, Nocenti também tratou do assunto de alienação às massas por meio da mídia nos títulos dos Novos Mutantes e X-Men. O vilão Mojo, por exemplo, é uma espécie de regente de uma dimensão paralela em que escravos são atores de uma emissora de TV sensacionalista. Voltando ao lar de Lance, Bullet está ao telefone discutindo com sua ex-esposa e após isso, se irrita e expulsa a pequena amiga de Lance de casa com um breve discurso machista, resultado de sua frustração com o gênero feminino. Ele volta a si e pede desculpas ao filho.

Foggy, em seu apartamento, mostra alguns pertences recuperados da antiga casa de Matt, sente falta do amigo e como na edição anterior, volta a lamentar por suas atitudes recentes na advocacia. No Clarim, Urich se surpreende com a liberdade editorial concedida por Jameson sobre o caso de especulação imobiliária. Quando o editor-chefe sai de cena, o Demolidor aparece na janela, reencontra o amigo jornalista e sai de lá com uma nova missão a cumprir.

As Notícias Que Interessam - Daredevil v1 #291
As Notícias Que Interessam – Daredevil v1 #291

Na torre Fisk, o vilão revela que é o contratante de Bullet (subtrama que lembra alguns acontecimentos da primeira temporada da recente série da Netflix) e torna a conversar com seus assessores sobre os novos empreendimentos na área de comunicação social.

Demolidor

Na rua, o Demolidor já descobriu nesse ponto que Bullet é o agressor do empreiteiro, e logo em seguida, encontra o vilão e os dois partem para a briga no meio de populares que ainda desconfiam da índole do Atrevido. Ao coagir o empreiteiro, Bullet tomou posse de um mapa de propriedades que seria entregue a Fisk. O Demolidor derrota o criminoso e a criança desconfiada do início da história, reaparece e lhe entrega o mapa em mãos, que se encontrava no bolso do abatido Bullet.

Daredevil v1 #291. No Brasil, Superaventuras Marvel #149
Daredevil v1 #291. No Brasil, Superaventuras Marvel #149

No Clarim, Urich se sente recompensado com o caso da especulação imobiliária sendo publicado no jornal de forma devida, mas por outro lado, indignado com os cortes feitos por Jameson no artigo sobre tabagismo! A história termina com Matt voltando para o seu antigo escritório de advocacia e reencontrando um tristonho Foggy Nelson. Os grandes e velhos amigos se abraçam com bastante comoção. 

É isso, galera! Termino aqui os meus primeiros escritos sobre o Demolidor. Resolvi falar por completo do último arco de Nocenti para mostrar o que havia por trás dessa última história.

Quis dar um background necessário com resumos descritivos das edições anteriores. Superaventuras Marvel 149 é uma edição que traz para mim bastante nostalgia! Eu perdi o meu primeiro exemplar com uma ideia estúpida de montar um álbum de heróis (sim, eu recortei o formatinho).

Daredevil v1 #291. No Brasil, Superaventuras Marvel #149 – novembro de 1994
Daredevil v1 #291. No Brasil, Superaventuras Marvel #149 – novembro de 1994

Cerca de vinte anos depois, encontrei outro exemplar em um sebo. Naquele momento fiquei bastante emocionado! Eu queria falar com as pessoas que lá estavam sobre o quanto aquele momento estava sendo especial!

Da mesma forma que o Demolidor esteve em outras paragens e afastado dos amigos, também estive afastado dos quadrinhos. Ele precisou voltar às origens e se redescobrir como herói, assim como eu redescobri o meu velho hábito de ler hq’s! Demorou duas décadas para que eu entendesse de forma ampla, o real significado do abraço de Matt e Foggy e o seu forte simbolismo do fim de uma jornada.

Claudio gomes

Multiverso Comicon – Sou um grande fã de obras de quadrinhos nacionais.

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