Os bastidores de Guerra Civil

Veja aqui como foi o falatório sobre Guerra Civil, tanto da Marvel quanto dos fãs, durante a publicação da mini-série nos EUA. Vamos relembrar um pouco desse grande clássico.

Guerra Civil o que aconteceu?

A maior discussão que Guerra Civil gerou lá fora não foi entre ficar do lado do Homem de Ferro ou do Capitão América, ou quanto às relações da série com a política norte-americana. O que os fãs mais comentaram – e reclamaram – foi dos atrasos.

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Civil War deveria ter saído lá fora, como é aqui, em sete edições mensais. A primeira edição saiu em maio, a segunda em junho, a terceira em julho e a quarta… no fim de setembro. O atraso da mini significava também o atraso de todas as outras séries relacionadas ao cross-over. 20 revistas tiveram sua data de publicação empurrada para a frente em função da mini principal.

É claro que choveram críticas dos leitores, que queriam logo a resolução da saga, e dos donos de comic shops, que ficaram sem novas revistas da saga para vender. E quem tinha que se defender era o pobre editor Tom Brevoort, responsável pela coordenação da Guerra.

Achou que o debate tinha acabado?

“Acho que Mark [Millar] não vai gostar que eu fale disso, mas tenho um escritor com uma doença crônica e um desenhista [Steve McNiven] que nunca teve de lidar com uma história dessa magnitudade antes, com tantos personagens e situações não-familiares (sem falar na pressão dos holofotes). É uma revista difícil de fazer. E a gente meio que começou tarde, embora isto não tivesse sido problema caso este fosse um projeto mais fácil – a primeira página da edição 1 foi enviada por Steve em 3 de janeiro”, comentou Brevoort ao site Newsarama em agosto de 2006.

O editor ressaltou que este não era um caso como o de Armageddon 2001 – saga da DC de 1991, que teve lançamentos atrasados porque a editora resolveu reescrever e redesenhar o último capítulo (os fãs haviam descoberto o final). “O fim que vocês vão ler será o mesmo fim que passamos dois dias imaginando no nosso retiro editorial no fim de 2005, aquele que Joss Whedon visitou rapidamente. Desculpem, teóricos da conspiração!”, brincou Brevoort.

Ele ainda aproveitou para dar outra alfinetada na concorrência: lembrou que Crise Infinita, publicada na mesma época, sofreu problemas de atrasos de produção, que a DC buscou resolver com a contratação de desenhistas mais rápidos para substituir Phil Jimenez. O resultado apressado, porém, gerou reclamação geral entre os fãs. “Tendo visto o que aconteceu, resolvi que devia aprender com a experiência dos outros”, atacou Brevoort.

Conseguiram chegar alguma conclusão?

A discussão foi mais longe, principalmente na Internet. O editor-chefe da Marvel, Joe Quesada, comentou que obras como Cavaleiro das Trevas e Watchmen também tiveram atrasos de meses durante seu período de publicação – e hoje ninguém lembra disso, pois consegue apreciar a qualidade que tomou um tempo a mais para ficar pronta.

Os críticos queriam a cabeça de Quesada: como ele ousava comparar Guerra Civil às obras-primas de Frank Miller e Alan Moore? O bafafá só acabou com a última edição de Civil War – que sofreu novos atrasos e acabou saindo em fevereiro de 2007, três meses após a data prevista.

Quando à “doença crônica” de Mark Millar a que Brevoort se refere, o escritor escocês é portador da doença de Crohn, uma inflamação crônica do trato digestivo que lhe causa vários altos e baixos na saúde física – e no trabalho. Da mesma forma que Guerra Civil, Os Supremos, outro projeto seu na Marvel, teve inúmeros atrasos de produção devido às épocas em que Millar teve que ficar no hospital.

Lucas Augusto

Multiverso Comicon – Passo algumas horas do meu dia assistindo de tudo um pouco.