The Witch A Bruxa – Precisamos reaprender a assistir filmes de terror

The Witch A Bruxa

O que torna “The Witch: A Bruxa” tão surpreendente? Por que este filme continua a atiçar o imaginário coletivo, anos após seu lançamento? Mergulhar no mundo de “A Bruxa” é uma experiência única que mistura uma atmosfera opressiva com inquietações históricas.

Este filme não é apenas uma obra de terror; é uma narrativa envolvente que resgata o passado obscuro do século XVII e convida o espectador a questionar seu próprio entendimento sobre superstição e medo.

Desde a primeira cena, “A Bruxa” se distingue por seu realismo meticuloso e sua fotografia impecável. A cineasta Robert Eggers cria uma paisagem de isolamento sufocante. As matas densas e a cabana solitária da família, aliada a um clima gótico, tornam o ambiente quase um personagem por si só. É uma história onde cada suspiro do vento e cada sombra espreitam o desconhecido, aumentando a sensação de vulnerabilidade e assombro.

O que realmente define “A Bruxa” é a sua habilidade de mergulhar profundamente nas psiques dos personagens. Envoltos em pressões comunitárias e religiosas, a família enfrentando a natureza selvagem é progressivamente consumida por um sentimento de desolação e paranoia. Será que é a floresta que esconde um mal sobrenatural ou são suas próprias mentes brincando com suas fraquezas?

Qual o sentido do filme The Witch A Bruxa?

Filme A Bruxa
Filme A Bruxa

Foi essa frase que me incentivou a fazer mais do que um review, mas levantar uma questão importante: nós esquecemos do que o terror se trata? Não esqueça de deixar sua nota para o filme abaixo!

Esse fim de semana fui convidado a assistir The Witch (A Bruxa, em português) do diretor iniciante em longas Roger Eggers, fiquei extremamente envolvido pelo clima que o filme criou, pelos diálogos (que mesmo com meu inglês precisei do auxílio das legendas) e pela atuação dos atores. 

Dessa forma tive o incentivo a dar as caras nas críticas e fazer mais do que um review, mas levantar uma questão importante: qual o filme de terror ideal?

The Witch A Bruxa Sinopse

Filme De Terror
Filme de terror

Banidos da plantação onde viviam depois de um julgamento, os puritanos William (Ralph Ineson) e Katherine (Kate Dickie), partem em direção ao interior inóspito da região levando seus filhos e poucos pertences.

O start começa entre as margens da floresta, porém como sempre não demora a dar sinais que existe algo estranho no local sombrio trabalhando, especialmente quando a filha mais velha, Thomasin (Anya Taylor-Joy) perde o bebê da família inexplicavelmente.

E começa a ter outros sinais a seguir, nesse caso envolvendo os gêmeos Mercy (Ellie Grainger) e Jonas (Lucas Dawson), junto do seu filho do meio Caleb (Harvey Scrimshaw) determinado a ajudar seus pais durante sua provação.

The Witch Crítica

Produzido pela brasileira RT Features, o filme acompanha uma família de colonos ingleses se estabelecendo na Nova Inglaterra, nos EUA, no século XVII. Eggers, que já trabalhou anteriormente com teatro, cria um ambiente extremamente incrível em The Witch.

Uma fotografia escura, cenas que simplesmente não contam com nenhum apoio sonoro, uma casa fechada e iluminada apenas por velas nos deixa dentro de um ambiente extremamente claustrofóbico, que lembra muito a sensação que enfrentamos em “O Iluminado”, do mestre Stanley Kubrick.

A Bruxa
A Bruxa

Quando temos a presença de uma trilha sonora contamos com músicas cruas, que dão mais vida e terror para as cenas.

O filme tem uma puxada histórica muito forte como eles explicam nos créditos, o inglês utilizado é muito arcaico e torna a percepção do filme um pouco difícil em alguns momentos, mas é exatamente essa percepção que dá a magia para The Witch, explorando os limites entre o suspense psicológico e o terror puro.

Sem sombra de dúvidas, Egger está na minha lista de um novo promissor cineasta no gênero do terror, a combinação de elementos, cortes de cenas e a composição de atuação combinada com um ótimo figurino.

O filme não consegue ser criticado de forma isolada, somente um conjunto como uma ópera que toca em perfeita sintonia em todas as singularidades. A trilha sonora inquietante, composta apenas por sons ambientes e choros baixos, intensifica ainda mais o terror psicológico. Cada cena se transforma em uma aula de como o som e a imagem podem transmitir medo sem necessidade de artifícios sanguinolentos.

Thomasin: A Heroína Ambígua

Thomasin, interpretada por Anya Taylor-Joy, é a filha mais velha, cujo senso de identidade e moralidade é posto à prova. Ela é constantemente acusada de bruxaria e enfrenta uma luta interna entre as expectativas familiares e sua própria noção de verdade e liberdade.

Os Pais: Pilar e Fonte de Medo

Uma floresta mal iluminada envolta em névoa, com árvores retorcidas silhuetadas contra uma lua assombrosa. Em primeiro plano, uma figura sombria e ominosa se destaca, parcialmente oculta, evocando uma sensação de temor. A vegetação escassa sugere um caminho esquecido, criando o cenário perfeito e inquietante para temas de isolamento e superstição em 'A Bruxa.'

Os pais, William e Katherine, são figuras complexas. Enquanto William tenta se manter firme e devoto em meio a adversidades insuperáveis, Katherine se afunda em desespero e culpa, influenciada pela perda e pela paranoia religiosa.

O Simbolismo da Floresta

A floresta em “A Bruxa” é mais do que apenas um cenário; ela é rica em simbolismo. Representa o desconhecido, o perigo e o pagão em contraste com o ambiente familiar e cristão. Cada árvore torcida parece esconder segredos antigos, e a névoa constante transmite uma sensação de desorientação e mistério.

Muitas lendas e superstições da época atribuíram características malignas às florestas, vendo-as como morada de criaturas sobrenaturais. Esse elemento é explorado habilmente por Robert Eggers para acentuar o nervosismo constante dos personagens.

O Realismo Horrorífico

O realismo em “A Bruxa” é aterrador. Não há monstros em CGI ou efeitos especiais extravagantes. O terror vem do plausível, do dia a dia transformado pelo medo e pela suspeita. Vemos isso claramente nas interações familiares e nos desastres que se abatem sobre eles, todos tingidos pelo medo do desconhecido.

A transformação de Thomasin ao longo do filme exemplifica como a pressão e desespero podem forçar alguém a questionar sua própria sanidade e moralidade. Sua jornada é uma lenta descida em direção ao inevitável, tornando o final do filme ainda mais impactante.

O Elemento Sobrenatural

Embora “A Bruxa” seja profundamente enraizado no realismo, o elemento sobrenatural nunca está longe. A presença insinuada de bruxas e demônios é palpável. A cabra Black Phillip, os estranhos desaparecimentos e os rituais sombrios são apenas algumas das pistas que levam o espectador a ponderar sobre o que é real e o que é resultado da paranoia coletiva.

Essa ambiguidade entre o que é sobrenatural e o que é superstição mantém o público em um estado de suspense constante. A linha tênue entre realidade e ilusão é explorada de forma magistral, garantindo que o terror permaneça muito tempo após os créditos finais.

Nós devemos reaprender a assistir filmes de terror

Agora, infelizmente, não posso deixar de falar desse acontecimento tão triste, que enfrentei na época no cinema.  Um fato que me fez questionar sobre o que é definido, o terror dentro dos filmes hoje em dia.

Filme De Terror A Bruxa The Witch
Filme de terror A Bruxa: The Witch – Imagem crédito: Wikiwand

Será que ficamos tão acalorados pela fórmula simples da combinação “sem som, som agudo, imagem assustadora aparece, grito, fim” que esquecemos de prestigiar o verdadeiro terror psicológico?

Quando cheguei em casa fiz questão de procurar o que estavam comentando sobre o filme, e sempre me deparava com comentaristas que não possuem percepção da arte do cinema com “o terror não é terror”, “não é assustador”, “não tem graça”; ouvir (ler) esse tipo de coisa de quem deveria , em tese, ser crítico no assunto chega não somente a ser triste, mas também ruim.

Será que nós esquecemos que a base do terror é o medo e que nem sempre, o medo está relacionado sobre levarmos sustos ou termos medo, de ir ao banheiro sozinhos?

Será que esquecemos do terror psicológico?

Daqueles construídos nas atmosferas de Hitchcock onde o medo explorado está em nossos poros e essência, na nossa alma e angústia, e não em sustos provocados por qualquer um com uma câmera na mão?

Não digo que os filmes ao estilo sustos não possuam qualidade apesar de eu achar isso, mas sim que antes de reclamarmos sobre alguma coisa devemos refletir como estamos nos sentindo após o filme.

Quando você é embalado por um ambiente de terror e a escuridão do filme te abraça, é nesse momento que o filme de terror se torna bom. E não quando sua namorada dá um gritinho no cinema sutil.

Claudio gomes

Multiverso Comicon – Sou um grande fã de obras de quadrinhos nacionais.

10 comments

  1. Eu acho que muito disso é culpa do Marketing, venderam o filme errado para o público, inclusive aconteceu o mesmo com o Homem do Norte, venderam Gladiador nos deram Shakespeare bruto, a sorte é que “Northman” tem realmente a parte mais holywoodiana convencional como ação, romance, vingança e uns diálogos mais enlatados no final, mas voltando a questão eu acho que A Bruxa atraiu o público errado e eu nem diria que desaprendemos eu diria que o horror psicólogico tem um público fervoroso, eu diria que o público não entende que o terror é tão diversificado quanto a fantasia e que você deve analisar o que você está investindo o seu dinheiro, eu no caso me surpreendi esperava o que me vendiam e não esperava algo além. Mas a maioria é o público basicão de filme de susto que também tem seus méritos, mas essa é a galera que mais desce o pau, mas não aceita um filme que tenta ousar, enfim é uma discussão bem complexa eu sou um cara simples crítico o filme pela sua proposta quando exibido em tela, as minhas expectativas serão quanto aos acertos da proposta e erros dentro dessa proposta se tiver.

  2. Para mim esse filme é excelente. Ponho ele no mesmo pódium de Babadook e Hereditário. É como sempre digo: os melhores filmes de terror não foram feitos pra você assistir às 16h com uma tigela de pipoca e meia dúzia de primos na sala, quiçá numa sala de cinema com dezenas de desconhecidos. As melhores experiências cinematográficas de terror que tive foi assistindo sozinho às 0h ou 1h da madrugada, com luzes apagadas. Você mergulha na atmosfera da coisa.

      1. A Bruxa é excepcional! A fotografia, as luzes, o clima…Faco menção a outro filme que também me envolveu muito O Farol

  3. Filme de 2015/2016 e eu nunca assisti. Pelo trailer parece ser muito top. Amanhã eu assisto ele. Obrigado pela matéria.

  4. Assisti há alguns anos. Excelente filme! Atmosfera que vai angustiando aos poucos, até o ápice na revelação de “Black Philip”. Se não imergirem no drama da família não irão gostar mesmo não. É um terror crescente, que se inicia no isolamento, passa pelo fanatismo religioso normal da época (sou cristão) e culmina com o esfacelamento da família, onde o diabo joga um contra o outro. Por fim, acho que a jovem havia sido a escolhida pelo “mal” e que a destruição da família seria um impulso para que perdesse a sua fé, algo necessário para se tornar “a bruxa”. Excelente!!!! Assim como “A Bruxa de Blair, Hereditário, Midsommar” e outros, que optam pelo psicológico ao invés dos litros de sangue.

  5. O filme THE WHITCH ,nos leva acreditar que o filme de terror está tomando rumos mais do lado psicológico humano, traz um terror diferente de tudo aquilo que já vimos , desde a BRUXA DE BLAIR, um terror inquietante, pavoroso,achei fantástico uma obra de arte.

  6. Não precisa muitas palavras. A Bruxa é um terror que serve de base para outros cineastas, de carreira ou amadores, a construir filmes de qualidade. É a narrativa de RPG que você trabalha para envolver os atores e os que assistem.

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